EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA E UMA CULTURA DE PAZ
Celma Tavares1
Falar em Educação para Cidadania e uma
Cultura de Paz significa utilizar pedagogicamente conteúdos relacionados ao
exercício dos direitos e deveres, bem como valores relacionados à tolerância,
ao respeito à diversidade e à prática dos direitos humanos. Essa diretriz já
estava contemplada, por exemplo, no Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, ratificado pelo Brasil na década de 90, que em
seu artigo 13 (inciso 1) coloca: “a educação deve orientar-se para o pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e deve
fortalecer o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais”.
Sendo assim, é importante situar duas
questões. Primeiro, que a consciência universal dos direitos humanos é cada vez
mais forte nos países democráticos, entretanto eles continuam sendo violados.
Segundo, que o trabalho de sensibilização e introjeção dos valores para uma
cultura de paz e para o compromisso com a promoção dos direitos humanos passa
obrigatoriamente pela educação nos mais variados âmbitos, mas fundamentalmente
a partir da escola.
No campo da educação, é preciso estar
atento para o papel e o desempenho nas funções da escola. Neste ponto, a
pedagoga Vera Candau assinala que “a escola, que deveria exercer um papel de
humanização a partir da aquisição de conhecimentos e de valores para a
conquista do exercício pleno da cidadania, tem muitas vezes favorecido a
manutenção do status quo e refletido as desigualdades da sociedade”.
Por isso mesmo, ela ressalta que é
necessário “a construção de uma escola que forma crianças e jovens construtores
ativos da sociedade, capazes de viver no dia-a-dia, nos distintos espaços
sociais, incluída a escola, uma cidadania consciente, crítica e militante”. E
que “isto exige uma prática educativa participativa, dialógica e democrática,
que supere a cultura profundamente autoritária presente em todas as relações humanas
e, em especial, na escola”.
Este tipo de análise possibilita o
entendimento de que a escola deve exercer um papel de humanização a partir da
socialização e construção do conhecimento, aliado aos valores necessários à
conquista do exercício da cidadania. Especialmente ao se trabalhar a educação,
o exercício da cidadania e a vivência da democracia na busca de uma intervenção
concreta na questão social e cultural.
A Educação para Cidadania e uma
Cultura de Paz possibilita, portanto, a sensibilização, a percepção e a
reflexão, que possam provocar a conscientização e a mudança no indivíduo.
Referências Bibliográficas:
AGUIRRE, Luiz Peréz. Educar para os direitos humanos: o grande desafio contemporâneo.
Texto reproduzido pela Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos.
CANDAU, Vera ...[et. al.] Tecendo a Cidadania. Petrópolis, Vozes, 1995.
MONTEIRO, Aida. Educação para Cidadania: solução ou sonho impossível? In: LERNER,
Júlio (organizador). Cidadania Verso e
Reverso. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 1997/1998.
OLGUIN, Letícia. Enfoques Metodológicos no Ensino e Aprendizagem dos Direitos Humanos.
Texto reproduzido pela Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos.
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