sábado, 13 de abril de 2013

19 DE ABRIL DIA DO ÍNDIO



O QUE É SER ÍNDIO
       Os habitantes das Américas foram chamados de índios pelos europeus que aqui chegaram. Uma denominação genérica provocada pela primeira impressão que eles tiveram de haver chegado às Índias.
Mesmo depois de descobrir que não estavam na Ásia, e sim em um continente até então desconhecido, os europeus continuaram a chamá-los assim. Ignoravam-se propositalmente as diferenças linguperiodo colonial, ístico-culturais. Era mais fácil torná-los todos iguais, tratá-los de forma homogênea, já que o objetivo era um só: o domínio político, econômico e religioso.
        Se no período colonial era assim, ao longo dos tempos, definir quem era índio ou não constituía sempre uma questão legal. Desde a independência das metrópoles européias, vários países americanos estabeleceram diferentes legislações em relação aos índios e foram criadas Instituições oficiais para cuidar dos assuntos a eles relacionados.
        Nas últimas décadas, o critério da auto-identificação étnica vem sendo o mais amplamente aceito pelos estudiosos da temática indígena. Na década de 50, o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro baseou-se na definição elaborada pelos participantes do II Congresso Indigenista Interamericano, no Peru, em 1949, para assim definir, no texto “Culturas e línguas indígenas do Brasil”, o indígena como: “(…) aquela parcela da população brasileira que apresenta problemas de inadaptação à sociedade brasileira, motivados pela conservação de costumes, hábitos ou meras lealdades que a vinculam a uma tradição pré-colombiana.
Ou, ainda mais amplamente: índio é todo o indivíduo reconhecido como membro por uma comunidade pré-colombiana que se identifica etnicamente diversa da nacional e é considerada indígena pela população brasileira com quem está em contato”.
        Uma definição muito semelhante foi adotada pelo Estatuto do Índio (Lei no. 6.001, de 19/12/1973), que norteou as relações do Estado brasileiro com as populações indígenas até a promulgação da Nova Constituição da República Federativa do Brasil.
Em suma, um grupo de pessoas pode ser considerado indígena ou não se essas pessoas se considerarem índias ou se assim forem consideradas pela população que as cerca. Mesmo sendo o critério mais utilizado, ele tem sido colocado em discussão já que muitas vezes são interesses de ordem política que usam tal definição, da mesma forma como acontecia há 500 anos.

 A VISÃO INDÍGENA BRASILEIRA

       O QUE É INDIO? Um índio não chama nem a si mesmo de índio, esse nome veio trazido pelos colonizadores no séc. XVI.O índio mais antigo desta terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que significa “TU” (som) e “PY” (pé), ou seja, o som-de-pé, de modo que o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de forma.

 19 DE ABRIL – DIA NACIONAL DO ÍNDIO
        Durante a realização do I Congresso Indigenista Interamericano no México, em 1940, os representantes de diversos países americanos decidiram convidar os índios, tema central do Congresso, para o evento. Entretanto, a comissão encarregada de fazer o convite encontrou resistência por parte dos índios que, habituados a perseguições e traições, mantinham-se afastados das reuniões, de nada valendo os esclarecimentos e tentativas dos congressistas.
            Dias depois, convencidos da importância do Congresso na luta pela garantia de seus direitos, os índios resolveram comparecer. Essa data, por sua importância na história do indigenismo das Américas, foi dedicada à comemoração do Dia do Índio. A partir de então, o dia 19 de abril passou a ser consagrado ao Índio, em todo o continente americano.
             Também por deliberação dos Congressistas foi criado o Instituto Indigenista Interamericano, órgão internacional, com sede no México, ao qual estariam ligados Institutos Indigenistas nacionais encarregados de zelar pela garantia dos direitos indígenas. No Brasil a adesão ao Instituto foi determinada pelo então Presidente Getúlio Vargas que, atendendo aos apelos do Marechal Rondon, assinou o decreto nº 5.540, de 02.06.43, determinando que, a exemplo dos demais países americanos, o Brasil comemorasse o Dia do Índio em 19 de abril.

 OS ÍNDIOS NO BRASIL

       Estima-se, com base nas fontes históricas disponíveis, que no começo do século XVI a população autóctone que vivia dentro do território onde posteriormente se consolidariam as fronteiras do Brasil chegava a 5 milhões de indivíduos.
       Ao longo de séculos de contato com a civilização ocidental, aquele contingente indígena inicial sofreu contínuo processo de redução populacional que provavelmente durou até o fim da década de 1950.
A partir de então houve uma recuperação demográfica, facilitada pela demarcação – ainda inconclusa – das terras tradicionalmente ocupadas pêlos grupos indígenas, e pela extensão de serviços de assistência prestados pêlos órgãos do estado, missões laicas e religiosas.
      A população indígena do Brasil alcança hoje o número de 325.652 indivíduos. Esse número tende a crescer diante da continuidade dos mecanismos de proteção de taxas de natalidade superiores à média nacional.
      Essa população está distribuída em cerca de 215 etnias, que falam cerca de 170 línguas distintas. A classificação lingüística reconhece a existência de dois troncos principais (tupi e macro-jê) e de outras seis famílias lingüísticas de importância significativa (aruak, arawá, karib, maku, tukano e yanomami), além de muitas línguas sem filiação definida.
     Cerca de 60% da população indígena brasileira vive na região designada como Amazônia Legal, mas registra-se a presença de grupos indígenas em praticamente todas as unidades da Federação. Somente no Rio Grande do Norte, no Piauí e no Distrito Federal não se encontram grupos indígenas.


 ARTE INDIGENA
     A arte esta presente em cada momento da vida dos povos indígenas no mundo todo. Em cada objeto, em cada ritual, em cada gesto. A arte sugere expressões de força e conexão com o mundo mítico e espiritual. A beleza está presente como atributo divino. Não importando se a pintura trabalhosa e detalhada feita no fundo da panela vai ser queimada assim que for ao fogo. A pintura nãoprecisa permanecer para justificar sua beleza. Ela é, no presente, como expressão necessária, dando sentido ao ato criativo de transformar o barro em cerâmica.
    Cada povo tem sua habilidade e forma de materializar em objetos de arte as necessidades do dia-a-dia ou dos rituais. A arte plumária ainda é considerada e admirada por sua exuberância e riqueza.
Quase todos os grupos indígenas utilizam plumas em combinações das mais variadas para construir peças de rituais de significados e usos diversos. O clã a que pertence o dono do adorno, sua ligação familiar, sua posição dentro da cerimônia, muitas são as informações contidas no arranjo das plumas. Muitos conceitos e mensagens podem ser decodificados por quem está dentro da tradição.
  A cerâmica, a cestarias, os instrumentos musicais, os pequenos adornos, a arquitetura, os bancos zoomorfos esculpidos em madeira, toda a cultura material dos povos nativos estão carregadas de princípios e objetivos, de valores estéticos e sociais. O talento dos artistas está a serviço da manutenção da tradição do povo, da continuidade da sua identidade.

 CULTURA INDÍGENA
     Muitos são os costumes e culturas entre as tribos indígenas, que destacaremos algumas:
Moradias – são basicamente chamadas de ocas pelos próprios índios e são grandiosas, pois tem a função de abrigar várias famílias, geralmente entre 300 a 400 pessoas (ascendentes e descendentes). O lugar ideal para erguer a taba deve ser bem ventilado, dominando visualmente a vizinhanças, próxima de rios e da mata, A terra deverá ser própria para o cultivo da mandioca e milho.
No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reúnem os conselheiros, as mulheres preparam as bebidas, rituais e lugar de grandes festas. Dessa praça partem trilhas chamadas de pucu que levam a roça, ao campo e ao bosque.
Destinada a durar no máximo cinco anos a oca é erguida com varas, fechadas e cobertas com palhas ou folhas. Não recebe reparos e quando inabitável os ocupantes a abandonam. Não possuem janelas, têm uma abertura em cada extremidade e em seu interior não possuem paredes ou divisão aparente, vivendo de moda harmonioso.
A MULHER – é responsável por todo trabalho pesado, sendo parte para própria subsistência, onde plantam, colhem entre outros, raízes e frutos, prepara a farinha, o cauim, o azeite de coco. Cabe a elas também o trabalho de tecer as redes, fazer cestarias, enfim todo trabalho artesanal e também cuidar da casa.
A pintura corporal também é função feminina, a mulher pinta os corpos dos maridos e filhos.
HOMEM – tem a função de caçar, pescar derrubar a mata para agricultura, fazer canoas, armas, e construir as ocas. Os meninos são preparados para o mesmo trabalho dos mais velhos e também cantar e conhecer os rios quando atingem a puberdade, indo para a casa sagrada dos homens.
Em algumas nações indígenas, o homem tem mais de uma esposa, em outras os casais vivem juntos para sempre e há sociedades que toda a organização gira em torno das mulheres.


RELIGIÃO – tem suas particularidades, crendo em vários deuses, como:
Jaci – sol; Guaraci – lua; Rudá deus do amor e reprodução; além desses existem outros ligados a natureza (animais, plantas, pedras, rios, lagos…) que podem orientar a tribo através do contato com o pajé ou curandeiro.
PLUMÁRIA - esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas à pura busca da beleza. Existem dois grandes estilos na criação das peças de plumas dos índios brasileiros. As tribos dos cerrados fazem trabalhos majestosos e grandes. As tribos silvícolas fazem peças mais delicadas e a maior preocupação é com o colorido e a combinação.
MÁSCARAS – para os índios a máscara têm um caráter duplo: ao mesmo tempo em que é um artefato produzido por um homem comum, é a figura viva do ser sobrenatural que representam. Elas são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas geralmente em danças cerimoniais, como a dança do Aruanã, que representam os heróis que mantêm a ordem no mundo.
TRANÇADOS E CERÂMICA – a variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil, dá ao índio uma inesgotável fonte de matéria prima. É trançando que o índio constrói a sua casa e uma grande variedade de utensílios, como cestos para uso doméstico, para transporte, para ajudar no preparo de alimentos (peneiras), armadilhas de caça e pesca, abanos para aliviar o calor e avivar o fogo, objetos de adorno pessoal, redes para pescar e dormir, instrumentos musicais, etc. A cerâmica destacou-se principalmente pela sua utilidade, buscando a sua forma, nas cores e na decoração exterior.
PINTURA CORPORAL – pintam o corpo para enfeitar e protegê-lo contra o sol, os insetos e os espíritos maus. Para revelar de quem se trata, como está se sentindo e o que pretendem. As cores e os desenhos falam, dão recados. Boa tinta, boa pintura, bom desenho garantem boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem. Cada tribo e cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Nos dias comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas, nos combates, mostra-se requintada, cobrindo também a testa, a face e o nariz.

 MITO E COSMOLOGIA 
      As cosmologias indígenas representam modelos que expressam suas concepções a respeito da origem do Universo e de todas as coisas existentes no mundo. Os mitos considerados individualmente descrevem a origem o homem, das relações ecológicas entre animais, plantas e outros elementos da natureza, da origem da agricultura, da metamorfose de seres humanos em animais, da razão de ter certas relações sociais culturalmente importantes, etc.
     Cada uma das diversas sociedades indígenas elabora suas próprias explicações a respeito do mundo, dos fenômenos da natureza, dos espíritos, dos seres sobrenaturais e, do momento que surgiram os seus ancestrais.
      Qual a origem dos índios?
     Conforme mito Tupy-Guarani, o Criador, cujo coração é o Sol /tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciães e disse: “Gostaria que criassem ali uma humanidade”. Os anciães navegaram em uma canoa que era como cobra de fogo pelo céu; e a cobra canoa levou-os até a Terra. Logo eles criaram o primeiro ser humano e disseram:
    “Você é o guardião da roça”. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciães se transformaram. Seu nome era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol. E logo os anciães fizeram surgir da água do Grande Rio Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a humanidade, um se transformou no Sol, e a outra, na Lua. São nossos tataravôs.

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