quarta-feira, 17 de abril de 2013

cultura da paz



A Cultura da Paz se faz nas pequenas ações do cotidiano: no nosso jeito de nos comunicar com os outros, na nossa forma de lidar com conflitos e sentimentos como frustração e raiva, na nossa capacidade de reconhecer e valorizar as diferenças e de sermos tolerantes.
Cada um de nós pode ser um construtor da Paz. Cada um de nós pode influenciar com sua maneira de agir o grupo de pessoas que nos cercam a serem construtoras da Paz.
A vida exige de nós muitas ESCOLHAS. Você pode incluir, entre suas escolhas fundamentais, ser um Construtor da Paz. Ao fazer esta opção, você estará dando a sua vida e a seus relacionamentos mais qualidade e estará construindo uma sociedade mais saudável, em que os valores de não-violência predominem. Nossa mudança interior e a responsabilidade de cada um de nós por essa mudança é o caminho para uma Cultura de Paz verdadeira e duradoura.
Veja nas páginas seguintes as sugestões e dicas que preparamos para que você se junte a nós e aprimore a sua capacidade de ser pacífico.
É simples mas não é fácil. A Cultura da Paz é um trabalho para a vida toda.
RESPEITE AS REGRAS PARA CONVIVER BEM EM GRUPO
Você já imaginou como seria a vida em uma cidade sem regras? Pois é... para conseguirmos viver em grupo e em sociedade, precisamos de algumas regras que garantam o bem–estar individual e coletivo. Elas são referências para sabermos como agir nos diferentes contextos: família, escola, trabalho, trânsito, igreja, entre outros. Para que sejam valorizadas e respeitadas, é muito importante que sejam construídas de forma coletiva e democrática e, é claro, praticadas no dia-a-dia.
Quais são as regras que você considera mais importantes na sua casa? No seu trabalho? Na sua escola? Entre seus amigos e colegas? Na sua comunidade? Elas têm sido respeitadas por você e pelos demais?
SEJA RESPONSÁVEL PELAS SUAS ATITUDES
Nossas ações às vezes têm conseqüências indesejadas. Quem já não deu um esbarrão em alguém por estar distraído ou apressado? Quem já não disse coisas para um amigo que o deixaram mal e chateado? Muitas vezes agimos sem pensar nas possíveis conseqüências dos nossos atos. Aí aparece aquela vontade de se justificar e “tirar o corpo fora”. Muitos conflitos e agressões surgem de situações em que jogamos a culpa no outro. Que tal experimentar reconhecer com mais freqüência a nossa parcela de responsabilidade nas situações do cotidiano?

NÃO SEJA OMISSO
Chegou a hora de recordarmos o significado da palavra omissão. Para isto, que tal buscarmos alguns exemplos? (Lembre-se: Deixar passar a chance de ajudar alguém e não denunciar uma violência são formas de omissão).
Responda:
• Estudar ou trabalhar em um local sujo e não fazer nada em relação a isso. É ser omisso?
• Estar passando em frente a uma quadra de esportes e uma bola ser arremessada por cima do muro em sua direção. Arremessá-la de volta à quadra é ser omisso?
• Estar no terminal de ônibus, ver alguém precisando de uma informação e não oferecer ajuda. É ser omisso?
Coloque em prática uma ação contrária à omissão. Vale a pena tentar! Lembre-se que sua atitude sempre estará servindo de exemplo!

“ATAQUE” O PROBLEMA E NÃO AS PESSOAS
Imagine que você não fez algo que havia combinado com um amigo. Este amigo diz para você: “- Mas, também, eu não podia esperar outra coisa... você é uma porta de burro!”. Agora imagine o mesmo amigo falando de uma forma diferente: “- Se você não tinha entendido o que era para você fazer, por que não me perguntou?” Como você se sentiria em cada uma dessas duas situações? Qual é a diferença entre esses dois jeitos de falar? Quando criticamos as pessoas, agravamos os conflitos. Por outro lado, quando tratamos do problema sem “atacar” as pessoas, mantemos as portas da comunicação abertas e podemos encontrar soluções juntos.
CONVERSE PARA RESOLVER
Muitas vezes, quando estamos tendo um problema ou um conflito com uma pessoa, evitamos encontrar ou falar com ela para que a situação não se agrave. E isso resolve? NÃO! E pior: às vezes contribui para que o problema aumente, porque cada um fica no seu canto, pensando sobre o que o outro está pensando. Buscar restabelecer a comunicação e o diálogo é fundamental para que cada um possa dizer para o outro como vê o problema e tentar entender o ponto de vista do outro sobre a situação. Dessa forma, não é mais um contra o outro, mas os dois juntos, buscando possíveis soluções para o problema.
COMUNIQUE-SE DE FORMA CLARA
Lembre-se de discussões e bate-bocas que você já teve com amigos e pessoas da sua família. Que coisas contribuíram para que a discussão se agravasse? Cada um de vocês estava falando exatamente da mesma coisa? Cada um ficava tentando interpretar o que o outro queria dizer? Cada um estava mais preocupado em falar do que em entender o que os outros estavam falando? Estas são apenas algumas das coisas que atrapalham a nossa comunicação. Por esses e outros motivos, é importante que façamos o exercício de confirmar se aquilo que estamos entendendo é realmente aquilo que as pessoas querem nos dizer. Para tanto, podemos fazer perguntas e/ou repetir o que entendemos. Comunicar-se não significa apenas preocupar-se em falar, mas também verificar como aquilo que falamos foi compreendido e buscar corrigir os mal-entendidos que podem ter surgido no meio do caminho.
OUÇA COM ATENÇÃO
Quando estamos conversando, temos muita vontade de dizer o que pensamos e expressar nosso ponto de vista. Isso fica ainda mais “tentador” quando as pessoas com quem estamos conversando têm idéias diferentes das nossas. Nossa! Mal podemos esperar a hora de falar e, ao invés de ouvir o que o outro está falando, já estamos pensando no que vamos dizer em seguida. Que tal “desacelerar” e experimentar realmente ouvir o ponto de vista do outro, procurando entender o que ele quer dizer? Ouvir não significa ter que abrir mão de nossa própria opinião. Ouvir significa que podemos ser mais flexíveis e ver uma situação de um ponto de vista diferente do nosso.
<strong>CONVERSE AO INVÉS DE ACUSAR
Imagine que um amigo seu o deixou na mão. Que coisas a gente tende a dizer nesse tipo de situação? "Pô cara, você não tá nem aí com os outros, não é? Só se preocupa com você mesmo. Você vai ver só...". Quando não gostamos de algo que alguém fez conosco, nossa tendência é acusar, agredir, atacar. Que reação você acha que a outra pessoa vai ter? Provavelmente ela vai se sentir pressionada e acuada e vai tentar contra-atacar para se defender. Uma forma alternativa e mais positiva para lidar com esse tipo de situação é deixar a raiva passar um pouco e depois ir conversar com a pessoa, falar de como nos sentimos, de como a situação nos afetou e de como gostaríamos que a pessoa agisse da próxima vez. Você já experimentou fazer isso?
EVITE DAR SERMÕES
Quem gosta de ouvir um sermão quando chega tarde em casa? Quem gosta de ouvir pela milésima vez que deve ter mais responsabilidade? Quem gosta de ser repreendido por ter esquecido um compromisso? Como é que você tende a reagir quando alguém lhe dá um sermão? Se você também não gosta, evite fazer discurso sobre a falha dos outros. A reação de quem está se sentindo acusado é defender-se – não é reconhecer a falha. Que tal experimentar falar de como você se sentiu ao passar pela situação, do que gostaria que fosse diferente e ouvir o outro, ao invés de dar sermão? Essa atitude ajuda a outra pessoa a ficar menos na defensiva, a entender os seus sentimentos e a refletir sobre a situação.
ESTEJA ATENTO AO SEU JEITO DE FALAR
Quando falamos com as pessoas, muitas vezes não nos preocupamos muito com o nosso jeito de falar: xingamos, gritamos, somos irônicos, desrespeitamos, desmoralizamos. Outras vezes, nos preocupamos com as palavras que usamos, mas não percebemos coisas importantes no nosso jeito de falar: fazemos "caras e bocas" porque não gostamos da pessoa ou do que ela está nos dizendo, ou prestamos atenção em tudo o que acontece ao nosso redor menos no que a pessoa está nos dizendo, ou somos agressivos e arrogantes em nosso tom de voz. Apesar de muitas vezes nós mesmos não percebemos que estamos fazendo isso, as pessoas com quem estamos falando geralmente percebem, e isso pode gerar conflitos e atritos em nossos relacionamentos. Precisamos "nos desarmar" e estar atentos às coisas que dizemos - as palavras que usamos - mas também a tudo aquilo que fazemos com o nosso corpo ao dizer essas coisas: nosso tom de voz, nossos gestos, nossas expressões faciais, nossos comportamentos.
TRATE OS SENTIMENTOS COM RESPEITO
Você sente raiva, ciúmes, medo, tristeza, frustração, insegurança? Apesar de não gostarmos de ter todos esses tipos de sentimento, eles fazem parte da nossa natureza e podem ser muito úteis. O medo, por exemplo, nos deixa alertos e preparados para enfrentar ou escapar de perigos que possam nos fazer mal. Portanto, não devemos “fazer de conta” que eles não estão lá quando estão. Ao mesmo tempo, não precisamos descontá-los agredindo os outros. O mesmo vale para as outras pessoas: elas também têm sentimentos “negativos” e têm o direito de senti-los. Um filho, por exemplo, tem o direito de ficar com raiva dos pais quando esses não o deixam fazer algo que quer muito. Porém, ele não precisa agredi-los. Quando a raiva passar, uma boa coisa a se fazer é sentar e conversar sobre o que aconteceu.
APRENDA A LIDAR COM A RAIVA
Busque em sua memória algum momento, alguma situação, em que você ficou realmente com muita raiva. Pode ter sido na escola, em casa, na rua, no trabalho, com a família, talvez com alguém que tenha “pisado feio na bola” com você. Quando foi esse momento em que você ficou com raiva? Em situações como esta, como você reage: (a) como uma panela de pressão, engolindo sapo, e explodindo por dentro?; (b) sai dando tiro pra tudo quanto é lado, descontando no primeiro que aparece pela frente?; ou (c) você prefere transformar a sua raiva em sentimento de pena - pena de si mesmo, fazendo-se de vítima, chorando para alguém ou para si mesmo? E hoje, você já tratou dessa raiva ou ela ainda o(a) está machucando, deixando aquela dor em seu peito toda vez que você lembra dessa pessoa ou daquilo que aconteceu?

ESCOLHA UM BOM MOMENTO PARA “CONVERSAR PARA RESOLVER”
Se você já deu uma olhada nas dicas para uma boa comunicação, já deve ter percebido que às vezes uma simples atitude como “esperar a poeira baixar” e os ânimos se acalmarem pode fazer uma ENORME diferença na hora de lidar com um problema ou um conflito. Da mesma forma, cuidados com a escolha do local – de preferência um lugar reservado e longe dos olhares de “curiosos” – também ajudam as pessoas envolvidas em um conflito a conversar de forma mais aberta e menos defensiva.
BUSQUE SOLUÇÕES JUSTAS PARA OS CONFLITOS
Quando ouvimos a palavra “conflito”, a maioria de nós pensa em coisas negativas, como brigas, bate-boca, agressão física, guerras, insultos, entre outros. Entretanto, os conflitos em si não precisam ser negativos. Eles surgem como consequência da diferença de idéias, valores, opiniões, crenças, pontos de vista e escolhas entre as pessoas. Por que, então, sentimos que conflitos são ruins? O fato de um conflito ser construtivo ou destrutivo não depende tanto do conflito em si, mas sim da forma como lidamos com eles. Para que possamos utilizar nossos conflitos como uma oportunidade de crescimento, precisamos:
• Não olhar para a outra parte como inimiga.
• Trabalhar juntos para buscar uma solução.
• Buscar soluções em que todas as partes envolvidas saiam satisfeitas.
Para isso, eis algumas dicas para solucionar conflitos:
1) Identifique o problema;
2) Concentre-se no problema;
3) Ataque o problema, não as pessoas;
4) Escute com a mente aberta;
5) Trate o sentimento das pessoas com respeito;
6) Tenha responsabilidade pelos seus atos.

ENCONTRE SOLUÇÕES CRIATIVAS PARA OS PROBLEMAS
Diante de um apelido ou de uma provocação, muitas vezes podemos “deixar entrar por um ouvido e sair pelo outro”. Podemos também experimentar lidar com as situações difíceis de forma mais “leve”, rir um pouco das situações e de nós mesmos. Que tal brincar mais, expressar nossas idéias de formas criativas e atrativas? Muitas vezes, com um simples sorriso conseguimos “desarmar” as pessoas.


RESPEITE AS DIFERENÇAS
O que é uma boa escola para você? E uma boa cidade para se morar? O que é ser um bom pai, uma boa mãe e um bom filho/a? O que significa ter sucesso na vida? Violência resolve? Se você fizer essas mesmas perguntas para outras pessoas, provavelmente vai ter algumas respostas parecidas com as suas e outras bem diferentes. Isso significa que algumas respostas estão mais "certas" do que outras? Na verdade, isso nos mostra que as pessoas acreditam e pensam de forma diferente umas das outras, porque tiveram experiências de vida diferentes. Entretanto, muitas vezes temos tanta certeza de que o nosso jeito de ver as coisas é o jeito CERTO, que acabamos discutindo ou brigando com as pessoas que têm pontos de vista diferentes dos nossos para defender a nossa verdade. Respeitar as diferenças não significa abrir mão de nosso próprio ponto de vista. Respeitar as diferenças significa ser flexível e buscar compreender pontos de vista e jeitos de ser diferentes dos nossos. Observe-se: como você tende a agir com pessoas que pensam ou são diferentes de você?
APRENDA A LIDAR COM A ‘PRESSÃO DA TURMA’
Cada um de nós faz parte de vários grupos: a nossa família, a turma do prédio ou do bairro, os amigos da escola ou do futebol, os colegas de trabalho, as amigas do inglês. Cada um desses grupos tem o seu próprio jeito de funcionar e as suas “exigências” para que sejamos “bem-vindos”. Ao mesmo tempo, cada um de nós tem o seu próprio jeito de funcionar, que também precisa ser respeitado. Saber lidar com a “pressão da turma” significa poder dizer “não” ou “sim” ao que os grupos dos quais fazemos parte desejam de nós, respeitando o que realmente queremos, de maneira clara, direta e sem usar da violência.

ARRISQUE-SE A FAZER DIFERENTE
Conversar ao invés de discutir ou bater. Ouvir ao invés de falar sem parar. Contar até mil para se acalmar ao invés de xingar. Para a maioria de nós, viver valores de Paz implica mudanças de valores, crenças, formas de sentir e perceber, atitudes, posturas... enfim, mudanças no nosso jeito de ser. Muitas vezes desejamos essas mudanças porque não gostamos de “perder as estribeiras” nem de fazer coisas que magoam as pessoas que amamos. Acreditamos que podemos nos tornar pessoas ainda melhores do que já somos ou sentimos que precisamos mudar porque o nosso jeito atual de ser nos faz mal.
Mudar não é uma coisa que a gente faz do dia para a noite. Para uma pessoa que está acostumada a bater para resolver, por exemplo, xingar ao invés de bater pode ser um avanço, gritar ao invés de xingar pode ser outro e ter vontade de gritar e conseguir não gritar é mais um passo em direção ao grande objetivo, que pode ser “conversar para resolver”. Mudar exige muita coragem, determinação e esforço. O que você tem vontade de mudar ou acha que pode mudar no seu jeito de ser para contribuir ainda mais para a Construção de uma Cultura da Paz?

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