Emília e sua memórias - peça teatral
Adaptação da obra de Monteiro Lobato -
Emília e suas memórias
Personagens:
Emília
Narizinho
Pedrinho
Visconde
Rabicó
Dona Benta
Tia Nastácia
Cuca
Pop
Dona Benta: huuuum! Que cheiro bom este! O que você está
fazendo?
Tia Nastácia: Estou preparando alguns bolinhos de chuva.
Narizinho: vovó. Queria tanto que a Emília falasse como nós,
para ter com quem conversar.
Dona Benta: hahaha, ela é apenas uma boneca, não tem como
falar.
Narizinho: Tem sim, quando eu fui lá ao Reino das Águas
Claras, o Doutor Caramujo me deu uma de suas pílulas, para que eu desse a
Emília e ela começasse a falar .
Tia Nastácia: onde já se viu boneca falar, caramujo ser
doutor, isso é coisa da sua imaginação.
(Dona Benta e Tia Nastácia saem rindo)
(Narizinho dá a pílula a boneca Emília, que está dentro de
uma caixa, e senta-se no chão ao lado da caixa, música pirlimpimpim só as
primeiras estrofes).
(Emília aos poucos vai saindo da caixa)
Emília:(tosse) Eca, que gosto horrível de sapo na minha
boca, eu estava estilafada para narar, quero dizer eu estava desesperada para
falar.
Narizinho: Vovó, Tia Nastácia, venham até aqui, rápido!
(Narizinho dá um leve tapinha nas costas da Emília)
Narizinho: fala Emília, fala.
Emília: Eca eu estou com um gosto horrível de sapo na minha
boca!
Narizinho: uhuuul! Viu vovó, como minha boneca pode falar!
Tia Nastácia: ooh meu são jorge, e eu vou terminar meus
bolinhos de chuva.
Dona Benta: Essa minha neta tem cada ideia. Deixa eu
continuar a ler meu livro de memórias.
Emília: Mas que caras são essas? Quem são todos vocês? Pra
que tanta gente? Tem festa aqui hoje é? E vocês? Sabem por que elas estão com
essas caras de corujas secas? Quem são vocês? (visconde entra, olhando pro
visconde Emília continua perguntando) Qual o seu nome? E a sua idade? Você
estuda? Tem que estudar para não ficar tão inteligente quanto eu.
Visconde: Algum tempo depois... No sítio do pica-pau-amarelo
tudo é possível, a fantasia se mistura a realidade, assim nos fazendo sonhar.
São muitas aventuras...
(Visconde sai e Emília entra correndo)
(Dona Benta está sentada lendo)
Emília: Que tal eu me declamar pra senhora? Batatinha quando
nasce plantando bananeira, e a árvore...
Dona benta: Depois Emília, depois, agora estou muito
interessada nesse livro de memórias de Monteiro Lobato... Não fique Triste!
Emília: Eu já estou triste! Memórias, memórias, memórias....
AAAAAAAAAAh resolvi vou escrever minhas memórias :D
Dona Benta: E eu posso saber o que a senhorita entendo por
memórias?
Emília: Memórias é a história da vida da gente, desde o dia
que a gente nasce, até o dia da morte.
Dona Benta: Então a pessoa só pode escrever memórias quando
morre?
Emília: Huum, não senhora! Ela vai escrevendo, escrevendo,
escrevendo, escrevendo até sentir que a morte vem vindo ai ela para e deixa o
finalzinho sem acabar.
Dona Benta: Ahh
Emília: Morre sossegada!
Dona Benta: Suas memórias serão assim?
Emília: Não porque eu não pretendo morrer, só finjo que
morro. As últimas palavras das minhas memórias serão estas: "então eu
morri, com reticências...
Dona Benta: E depois?
Emília: Depois eu pisco o olho e subo atrás do armário, pra
Narizinho pensar que eu morri, essa será a única mentira das minhas memórias, o
resto será tudo verdade verdadeira.
Dona Benta: Aah verdade, nada mais difícil que a verdade.
Emília: Não é difícil não! Verdade é só uma mentira bem
contada e ninguém desconfia, só isso! Vou começar agora mesmo, Visconde,
Visconde...
Visconde: Oi Emília, eu estava lá no deserto do Saara tá um
calor por lá.
Emília: Visconde, venha ser meu secretário pegue lápis e
papel, vou escrever minhas memórias.
Visconde: Tá bom, tá bom, Pode começar!
Emília: Já?
Visconde: Você não disse que tinha pressa?
Emília: E tenho! Mas esse papel não server, quero papel da
cor do céu, com todas as suas estrelinhas, tinha da cor do mar, com todos os
seus peixinhos, quero uma pena, com todos os seus patinhos, e não esse lápis
bobo.
Visconde: Emília, aqui no sítio não tem esse papel e muito
menos essa tinta.
Emília: Mas tem patinhos.
Visconde: Suas exigências são absurdas Emília.
Emília: Então não escreva.
Visconde: Sua alma sua palma, não escreve? Melhor pra mim.
Emília: Ta bom, tá bom ... Coloque ai primeiro capítulo, 6
pontos de interrogação.
Visconde: Você vai começar assim ?
Emília: É que começar é difícil.
Visconde: Comece pelo começo, por onde você nasceu, onde.
Emília: Ótimo, nasci no ano de (tosse), na cidade de
(tosse), desculpa. Nasci muda, mas ai eu tomei a pílula do doutor cara de
coruja seca e comecei a falar pelos cotovelos. Aqui no sítio sou o centro das
atenções, as pessoas vem de longe só pra me apertar e ver se eu sou mesmo de
pano, todos caras de corujas secas, assim como vocês...
Emília: Eu tenho umas coisas importantíssimas pra fazer,
fica ai escrevendo, finge que eu estou ditando.
Visconde: Mas ai as memórias serão minhas e não suas.
Emília: A depois eu do um jeito. (sai em direção ao Pedrinho
e a Narizinho)
Visconde: Tenho a impressão que fui enganado outra vez.
Musiquinha do sítio.
Emília: Pedrinho, Pedrinho..
Pedrinho: Oi Emília.
Emília: Eu quero que o caule daquela árvore seja rosa, que
os frutos sejam azuis e que o céu seja um monte de algudão doce, e e e
Pedrinho: Emília eu estou vendo aquele mato se mexendo!
Narizinho: Aaaah eu estou com medo.
Visconde: Segundo a teoria de jerimuns, o mato se mexe com o
vento.
Emília: Vou averiguar esse mistério agora mesmo. (corre para
a plateia de onde a pop está)
(Musiquinha do saci)
Emília: olha quem era o mistério..
Pedrinho: Emília, quem é essa? Uma criatura meiga como uma
flor, parece uma boneca e rosa.
Emília: Quem é você ? Aqui só tem lugar para uma boneca,
rosinha impostora! Identifique-se!
Pop: Meu nome é Pop, eu vim de uma terra muito, muito
distante, porque ouvi durante dias e noites uma bonequinha muito falante
(olhando para Emília) , dizendo que não tinha companhia e que a senhora D.
Narizinho não dava a atenção que ela merece.
Emília: tá bom, tá bom, pode ficar! Mas aqui só tem lugar
para uma boneca preferida, EU (saindo)
Pop: (não deixa Emília sair) Meu coração tá acelerado até
agora, eu vi uma coisa correndo no caminho, parecia furioso, aaaah lembrei. Era
uma bruxa verde com um porco rosinha, pensei até que era da minha família.
Pedrinho: Meu Deus só pode ser a cuca e com o Rabicó, vamos
salvar ele, to querendo uma aventura mesmo.
Emília: Aaaah rápido, se não el vai virar ensopado.
Narizinho: Pode ser perigoso.
Visconde: um ditado popular já dizia: "quem procura,
acha"
Emília: Eu vou ficar viúva, omg, acho que vou desmaiar.
Visconde: A hora está passando ...
(todos correm em um circulo, dão meia volta, e a Cuca
aparece com o Rabicó amarrado.)
Pop: Como ela é feia, ela vai nos matar.
Cuca: Olha que lindo jardim florido, a isca funcionou
direitinho, agora eu me vingo de vocês de uma vez por todas.
Emília: Sua monstra verde, você não me assusta! :p
Cuca: só não gostei de ver sua cara de pano aqui. :@
(Pedrinho aparece com
um estilingue, e mata a cuca com umas três pedradas.)
Pedrinho: pensou que nos deteria ?
Cuca: eu vou pegar todos vocês (tentando se levantar, pega a
perna do Rabicó, mas o Pedrinho dá a última pedrada)
Pedrinho: Há! Há! Há!
Todos bem juntinhos
Emília: Ao poder de desejar, segue necessariamente o poder
de materializar, pirlimpimpim (Emília joga uma papelzinho simbolizando o pirlimpimpim,
e todos dão um pulinho e chegam no sítio *----*)
Pop: deu mesmo certo, estamos salvos.
Emília: graças a mim é claro, e você em seu porco trapalhão,
o que estava fazendo que deixou a cuca te pegar? (batendo nele)
Rabicó: Eu estava fugindo da tia Nastácia, porque eu peguei
uns bolinhos de chuva dela, só isso, só isso.
Narizinho: Vovó, vovó, a senhora não vai acreditar venha cá.
Bona Benta: Mas uma amiguinha? Quem é essa?
Rabicó: Eu só queria encher minha barriguinha.
Tia Nastácia: Dona Ben.. você tá ai seu porco fujão (com a
vassoura na mão, e correm em círculos, de repente Tia Nastácia se depara com a
Pop)
Tia Nastácia: cruzes, o meu são jorge, o que é essa rosinha?
Pop: Meu nome é Pop.
Emília: deixa que eu apresento! Ela estava perdida lá no
Capoerão, diz ela que veio porque eu pedi...
Pop: (Fala pra Emília) adorei te conhecer.
Emília: eu não posso dizer o mesmo! Mas mesmo assim ,
obrigada por sua graande ajuda... (ironicamente).
Todos: Dando asas a imaginação, essa pequena boneca querendo
explicar sua filosofia de vida nos traz somente uma mentira bem contada e
ninguém desconfia, como ela diz:
Emília: Depois que a história acaba? Vira hipótese!
Queridos, essa é mais uma adaptação de meus alunos. Nessa
história existe a Pop, que muitos não conhecem, uma outra boneca (rosa) que
aparece para ser amiga da Emília.
Retirado do site: http://literaturafeuduc.blogspot.com.br/2011/11/emilia-e-suas-memorias-peca-teatral.html
0 comentários:
Postar um comentário